quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Que musica linda!!!!



Ivete Sangalo - Completo Ivete Sangalo / Gigi
É tão bom ter alguém por perto
Pra você se sentir completo
Ter a mão que te leva pro futuro
Vislumbrando horizontes seguros...
É tão bom viajarmos juntos
E viver aproveitando tudo
Amanhã vai ser melhor que hoje
Novos sonhos ao amanhecer...
Imagino milhões de sorrisos
Cada um com seu jeito de ser
Mas ligados ao mesmo destino
Um amor feito eu e você...
O céu e o mar
A lua e a estrela
O branco e o preto
Tudo se completa de algum jeito
Homem mulher,
A faca e o queijo
O incerto e o perfeito
Tudo se completa de algum jeito...

DISCURSO DE NIZAN GUANAES


Dizem que conselho só se dá a quem pede.E, se vocês me convidaram para paraninfo, estou tentado a acreditar que tenho sua licença para dar alguns.Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns, que julgo valiosos.Não paute sua vida nem sua carreira pelo dinheiro.Ame seu ofício com todo o coração.Persiga fazer o melhor.Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência.Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha.Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro.Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro.Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro.E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar.
E tudo que fica pronto na vida foi antes construído na alma.A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano.O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse: "Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo".
E ela responde: "Eu também não, filho".Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário.Digo apenas que pensar e realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.Meu segundo conselho: pense no seu país.Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. Afinal, é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada. Os pobres vivem como bichos e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como homem. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassu.Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: "Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito".É exatamente isso que está escrito na carta de Laudicéia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito. É preferível o erro à omissão; o fracasso, ao tédio; o escândalo, ao vazio. Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso.Colabore com seu biógrafo: faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.Tenho consciência que cada homem foi feito para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, caminhando sempre com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra.Não use Rider: não dê férias a seus pés. Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: "Eu não disse? Eu sabia!"Toda família tem um tio batalhador e bem de vida que, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo o que faria, se fizesse alguma coisa.Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta à noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar. Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. Das 8 às 12, das 12 às 8, e mais, se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói prodígios.O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta, enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho.Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas; mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama "sucesso".

E UM DIA VOCÊ APRENDE QUE...


Depois de algum tempo você aprende a sutil diferençaentre segurar uma mão e acorrentar uma alma,E você aprende que amar não significa apoiar-see companhia não quer sempre dizer segurança,E você começa a aprender que beijos não são contratose presentes não são promessas.E você começa a aceitar suas derrotas com sua cabeça erguida e seus olhos adiante,com a graça de adulto, não a tristeza de uma criança,E você aprende a construir todas as estradas hojeporque o terreno de amanhã é demasiado incerto para planos,e futuro tem costume de cair em meio do vôo.
E depois de um tempo você aprendeque até mesmo a luz do sol queima se você ficar exposto por muito tempo.
Então você planta seu próprio jardim e enfeita sua própria alma,ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que você realmente pode resistir...que você realmente é forte e que você realmente tem valor
E você aprende e aprende...com cada adeus, você aprende.
O TEXTO ORIGINAL, EM INGLÊS After A While
Author: Veronica A. Shoffstall (1971)
After a while, you learn the subtle difference Between holding a hand and chaining a soul, And you learn that love doesn't mean leaning And company doesn't mean security, And you begin to learn that kisses aren't contracts And presents aren’t promises. And you begin to accept your defeats With your head up and your eyes open, With the grace of an adult, not the grief of a child, And learn to build all your roads on today Because tomorrow's ground is too uncertain for plans, And futures have a way of falling down in mid-flight. And after a while, you learn That even sunshine burns if you get too much. So you plant your own garden and decorate your own soul,Instead of waiting for someone to bring you flowers. And you learn that you really can endure . . . That you really are strong And you really do have worth And you learn and learn . . . With every goodbye, you learn.

E UM DIA VOCÊ APRENDE QUE...


Depois de algum tempo você aprende a sutil diferençaentre segurar uma mão e acorrentar uma alma,E você aprende que amar não significa apoiar-see companhia não quer sempre dizer segurança,E você começa a aprender que beijos não são contratose presentes não são promessas.E você começa a aceitar suas derrotas com sua cabeça erguida e seus olhos adiante,com a graça de adulto, não a tristeza de uma criança,E você aprende a construir todas as estradas hojeporque o terreno de amanhã é demasiado incerto para planos,e futuro tem costume de cair em meio do vôo.
E depois de um tempo você aprendeque até mesmo a luz do sol queima se você ficar exposto por muito tempo.
Então você planta seu próprio jardim e enfeita sua própria alma,ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que você realmente pode resistir...que você realmente é forte e que você realmente tem valor
E você aprende e aprende...com cada adeus, você aprende.
O TEXTO ORIGINAL, EM INGLÊS After A While
Author: Veronica A. Shoffstall (1971)
After a while, you learn the subtle difference Between holding a hand and chaining a soul, And you learn that love doesn't mean leaning And company doesn't mean security, And you begin to learn that kisses aren't contracts And presents aren’t promises. And you begin to accept your defeats With your head up and your eyes open, With the grace of an adult, not the grief of a child, And learn to build all your roads on today Because tomorrow's ground is too uncertain for plans, And futures have a way of falling down in mid-flight. And after a while, you learn That even sunshine burns if you get too much. So you plant your own garden and decorate your own soul,Instead of waiting for someone to bring you flowers. And you learn that you really can endure . . . That you really are strong And you really do have worth And you learn and learn . . . With every goodbye, you learn.

EM CASO DE DESPRESSURIZAÇÃO


Eu estava dentro de um avião, prestes a decolar, e pela milionésima vez na vida escutava a orientação da comissária: "Em caso de despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente à sua frente. Coloque primeiro a sua e só então auxilie quem estiver ao seu lado." E a imagem no monitor mostrava justamente isso, uma mãe colocando a máscara no filho pequeno, estando ela já com a dela.É uma imagem um pouco aflitiva, porque a tendência de todas as mães é primeiro salvar o filho e depois pensar em si mesma. Um instinto natural da fêmea que há em nós. Mas a orientação dentro dos aviões tem lógica: como poderíamos ajudar quem quer que seja estando desmaiadas, sufocadas, despressurizadas?Isso vem ao encontro de algo que sempre defendi, por mais que pareça egoísmo: se quer colaborar com o mundo, comece por você.Tem gente à beça fazendo discurso pela ordem e reclamando em nome dos outros, mas mantém a própria vida desarrumada. Trabalham naquilo que não gostam, não se esforçam para manter uma relação de amor prazerosa, não cuidam da própria saúde, não se interessam por cultura e informação e estão mais propensos a rosnar do que a aprender. Com a cabeça assim minada, vão passar que tipo de tranqüilidade adiante? Que espécie de exemplo? E vão reivindicar o quê?Quer uma cidade mais limpa, comece pelo seu quarto, seu banheiro e seu jardim.Quer mais justiça social, respeite os direitos da empregada que trabalha na sua casa.Um trânsito menos violento, é simples: avalie como você mesmo dirige.E uma vida melhor para todos? Pô, ajudaria bastante pôr um sorriso nesse rosto, encontrar soluções viáveis para seus problemas, dar uma melhorada em você mesmo.
Parece simplório, mas é apenas simples. Não sei se esse é o tal "segredo" que andou circulando pelos cinemas e sendo publicado em livro, mas o fato é que dar um jeito em si mesmo já é uma boa contribuição para salvar o mundo, essa missão heróica e tão bem intencionada.Claro que não é preciso estar com a vida ganha para ser solidário. A experiência mostra que as pessoas que mais se sensibilizam com os dilemas alheios são aquelas que ainda têm muito a resolver na sua vida pessoal. Por outro lado, elas não praguejam, não gastam seu latim à toa: agem. A generosidade é seu oxigênio.Tudo o que nos acontece é responsabilidade nossa, tanto a parte boa quanto a parte ruim da nossa história, salvo fatalidades do destino e abandonos sociais. E, mesmo entre os menos afortunados, há os que viram o jogo, ao contrário daqueles que apenas viram uns chatos. Portanto, fazer nossa parte é o mínimo que se espera.Antes de falar mal da "Caras", pense se você mesmo não anda fazendo muita fofoca. Coloque sua camiseta pró-ecologia, mas antes lembre-se de não jogar lixo na rua e nem de usar o carro desnecessariamente. Reduza o desperdício na sua casa.Uma coisa está relacionada com a outra: você e o universo. Quer mesmo salvá-lo? Analise seu próprio comportamento. Não se sinta culpado por pensar em si próprio. Cuide do seu espírito, do seu humor. Arrume seu cotidiano. Agora sim, estando quite consigo mesmo, vá em frente e mostre aos outros como se faz.

ERROS E PSIQUE


Conta a lenda que dormiauma Princesa encantada A quem só despertaria Um Infante, que viria De além do muro da estrada
Ele tinha que, tentado,Vencer o mal e o bem, Antes que, já libertado, Deixasse o caminho errado Por o que à Princesa vem.
A Princesa adormecida,Se espera, dormindo espera, Sonha em morte a sua vida, E orna-lhe a fronte esquecida,Verde, uma grinalda de hera. Longe o Infante, esforçado, Sem saber que intuito tem, Rompe o caminho fadado, Ele dela é ignorado, Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino - Ela dormindo encantada, Ele buscando-a sem tino Pelo processo divino Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro Tudo pela estrada fora, E falso, ele vem seguro, E vencendo estrada e muro, Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera, À cabeça, em maresia, Ergue a mão, e encontra hera, E vê que ele mesmo era A Princesa que dormia

ESCUTATÓRIA (Rubem Alves)



Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.Todo mundo quer aprender a falar, ninguém quer aprender a ouvir.Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.Escutar é complicado e sutil.Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma".Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.Parafraseio o Alberto Caeiro:"Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma".Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.Contou-me de sua experiência com os índios: reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio.(Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.).Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais.São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades.Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado".Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou".Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.Eu comecei a ouvir.Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

FOLHA EM BRANCO



FOLHA EM BRANCO
Certo dia eu estava aplicando uma prova e os alunos, em silêncio, tentavam responder as perguntas com uma certa ansiedade.Faltavam uns 15 minutos para o encerramento e um aluno levantou o braço, dirigiu-se a mim e disse:"Professor, pode me dar uma folha em branco?"Levei a folha até sua carteira e perguntei porque queria mais uma folha em branco. Ele respondeu: " Eu tentei responder as questões, rabisquei tudo, fiz uma confusão danada e queria começar outra vez".Apesar do pouco tempo que faltava, confiei no rapaz, dei-lhe a folha em branco e fiquei torcendo por ele.Aquela sua atitude causou-me simpatia. Hoje, lembrando aquele episódio simples, comecei a pensar quantas pessoas receberam uma folha em branco, que foi a vida que DEUS lhe deu até agora, e só têmfeito rabiscos, tentativas frustradas e uma confusão danada... Acho que agora seria bom momento para se pedir a DEUS uma nova folha em branco, uma nova oportunidade para ser feliz. Assim como tirar uma boa nota depende exclusivamente da atenção e esforço do aluno, uma vida boa também depende da atenção que demos aos ensinamentos do Mestre.Não importa qual seja sua idade, condição financeira, religião, etc. Levante o braço, peça uma folha em branco, passe sua vida a limpo. Não se preocupe em tirar 10, ser o melhor.
Preocupe-se apenas em aplicar o aprendizado que recebeu nas aulas do Mestre. Ele se interessa por aquele que pede ajuda e repete toda a "matéria" dada, portanto, só depende de você.

HORA DE OUVIR OS ELEFANTES



A tragédia do Tsunami trouxe uma lição. Perdida no meio do oceano de notícias, soube-se que no Yala National Park, Sri Lanka, bem no meio de uma regiões mais afetadas pela mega onda, nenhum animal foi encontrado morto!

Repito: num parque onde havia 19 Km de praias, habitadas por centenas de elefantes, leopardos, pássaros, coelhos... ninguém morreu!
Verificou-se com espanto que antes da chegada do maremoto os animais, por alguma razão ainda não esclarecida, se deslocaram da praia e das áreas mais baixas, para a parte mais alta do parque. As águas chegaram a entrar 3 Km parque a dentro. Mas ali não havia ninguém. Ou melhor, nenhum bicho foi pego de calças curtas.

Surgiram alguns palpites. Na BBC e na National Geographic, cientistas afirmaram que possivelmente o fato se deu porque os animais ouvem uma freqüência de som produzida pelo terremoto, mais baixa do que as que os nossos ouvidos captam.
Segundo ele, os bichos também sentem vibrações no solo e do ar, as rally waves, estas, sim, também somos capazes de sentir em nosso próprio corpo. Ou melhor, seríamos. Nossa mente anda tão congestionada de informação, que apesar das rally waves chegarem até nossos corpos, essa informação é simplesmente deletada da nossa consciência.
Entenderam a tragédia?

Resumo: os bichos se salvaram porque estavam conectados. Nós, seres humanos, nos estrepamos porque estávamos também conectados, só que em outras ondas: rádio, TV, videogame, ou mesmo o sonzão do carro ou do botequim tocando no último um bate-estaca de ano novo.
Nesses meus poucos dias de férias, persegui como um louco a tecla mute do controle remoto. Tentando diminuir pelo menos o volume do mundo ao meu redor. Valorizar o botão de desliga. Tá ligado?

Tá na hora da gente ouvir menos o barulho e mais os elefantes.

Marcelo Tas

La marioneta de trapo


Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo.
Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam.
Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate.
Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mario Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas.
Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida. Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes – te amo, te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor.
Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha.
Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês, os homens...
Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa.
Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo de seu pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente, não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo.
Johnny Welch

LAO-TSÉ


As palavras verdadeiras não são bonitas, as palavras bonitas não são verdadeiras.A habilidade não é persuasiva,a persuasão é destituída de mérito.O Sábio não é erudito,o erudito não é sábio.O Sábio não acumula posses.Quanto mais ele faz para os outros,mais ele possui.Quanto mais dá aos outros,mais ele recebe.O Tao do Céu "favorece sem prejudicar".O Tao do Sábio é "agir sem lutar"
Lao-Tsé do livro TAO-TE KING

MESMO ASSIM


As pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas.Ame-as MESMO ASSIM.
Se você tem sucesso em suas realizações,ganhará falsos amigos e verdadeiros inimigos.Tenha sucesso MESMO ASSIM.
O bem que você faz será esquecido amanhã.Faça o bem MESMO ASSIM.
A honestidade e a franqueza o tornam vulnerável.Seja honesto MESMO ASSIM.
Aquilo que você levou anos para construir,pode ser destruído de um dia para o outro.Construa MESMO ASSIM.
Os pobres têm verdadeiramente necessidade de ajuda,mas alguns deles podem atacá-lo se você os ajudar.Ajude-os MESMO ASSIM.
Se você der ao mundo e aos outros o melhor de si mesmo,você corre o risco de se machucar.Dê o que você tem de melhor MESMO ASSIM.
Madre Tereza de Calcutá

MUDE (Edson Marques)


Mude,
Mas comece devagar, porque a direção é mais importantedo que a velocidade.Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.Mais tarde mude de mesa.Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente,observando com atenção os lugares por onde você passa.Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.Dê os teus sapatos velhos.Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente no campo,ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos...Veja o mundo de outras perspectivas.Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.Durma no outro lado da cama... depois,procure dormir em outras camas da casa.
Assista a outros programas de tv, compre outros jornais...leia outros livros.Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.Durma mais tarde.Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes,novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia.O novo lado, o novo método, o novo sabor,o novo jeito, a nova vida.Tente.
Busque novos amigos.Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes,compre pão em outra padaria.Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete,outro creme dental... tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.Vá passear em outros lugares.Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro,compre novos óculos, escreva versos e poesias.
Jogue os velhos relógios,quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.Abra conta em outro banco.Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros,outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.Seja criativo.
Grite o mais alto que puder no espaço vazio.Deixem pensar que você está louco.
Aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.Troque novamente.Mude, de novo.Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas pioresdo que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.A positividade que você está sentindo agora.Só o que está morto não muda!

DESIDERATA


Vá placidamente por entre o barulho e a pressae lembre-se da paz que pode haver no silêncio.
Tanto quanto possível, sem capitular, esteja de bem com todas as pessoas.
Fale a sua verdade calma e claramente;
e escute os outros,
mesmo o estúpido e o ignorante;
também eles têm sua história.

Evite pessoas barulhentas e agressivas:
elas são tormento para o espírito.
Se você se comparar a outros,
pode tornar-se fútil e amargo;
porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores a você.
Desfrute suas conquistas, assim como seus planos.
Mantenha-se interessado em sua própria carreira, mesmo que humilde;
é o que realmente se possui na sorte incerta dos tempos.
Exercite cautela nos seus negócios;
porque o mundo é cheio de artifícios;
mas, não deixe que isso o torne cego à virtude que exista.
Muitas pessoas lutam por altos ideais;
e por toda parte a vida é cheia de heroísmo.

Seja você mesmo.
Principalmente, não finja afeição.
Nem seja cínico sobre o amor,
porque em face de toda aridez
e desencantamento ele é perene como a grama.
Aceite gentilmente o conselho dos anos,renunciando com benevolência às coisas da juventude.
Cultive a força do espírito
para proteger-se num infortúnio inesperado.
Mas não se desgaste com pensamentos negros.Muitos temores nascem da fadiga e da solidão.

Além de uma benéfica disciplina,
seja bondoso consigo mesmo.
Você é um filho do Universo,
não menos que as árvores e as estrelas.
Você tem o direito de estar aqui.
E quer seja importante ou não para você,
sem dúvida o Universo se desenrola como deveria.

Portanto, esteja em paz com Deus,
qualquer que seja sua forma de concebê-lo.
E seja qual forem a sua lida e as suas aspirações,na barulhenta confusão da vida,
mantenha-se em paz com a sua alma.
Com todos os enganos, penas e sonhos desfeitos,
este é ainda um mundo maravilhoso.
Seja otimista!Empenhe-se em ser feliz!

Max Ehrmann, 1927
* DESIDERATA - Do Latim Desideratu: Aquilo que se deseja, aspiração.
Em alguns livros de referência, Desiderata é ainda amiúde considerado como tendo sido "achado" na velha St. Paul's Church, em Baltimore, e que data de 1692.
Entretanto, ele foi realmente escrito por Max Ehrmann, (1872-1945) que registrou o copyright em 1927; o copyright foi renovado em 1954 por Bertha K. Ehrmann.
(Tradução e comentários por Sílvio Darci da Silva)
(correção gentilmente enviada por Magda Cecconello)
Desiderata
Go placidly amid the noise and haste,and remember what peace there may be in silence.As far as possible without surrenderbe on good terms with all persons.Speak your truth quietly and clearly;and listen to others,even the dull and the ignorant;they too have their story.
Avoid loud and aggressive persons,they are vexations to the spirit.If you compare yourself with others,you may become vain and bitter;for always there will be greater and lesser persons than yourself.Enjoy your achievements as well as your plans.
Keep interested in your own career, however humble;it is a real possession in the changing fortunes of time.Exercise caution in your business affairs;for the world is full of trickery.But let this not blind you to what virtue there is;many persons strive for high ideals;and everywhere life is full of heroism.
Be yourself.Especially, do not feign affection.Neither be cynical about love;for in the face of all aridity and disenchantmentit is as perennial as the grass.
Take kindly the counsel of the years,gracefully surrendering the things of youth.Nurture strength of spirit to shield you in sudden misfortune.But do not distress yourself with dark imaginings.Many fears are born of fatigue and loneliness.Beyond a wholesome discipline,be gentle with yourself.
You are a child of the universe,no less than the trees and the stars;you have a right to be here.And whether or not it is clear to you,no doubt the universe is unfolding as it should.
Therefore be at peace with God,whatever you conceive Him to be,and whatever your labors and aspirations,in the noisy confusion of life keep peace with your soul.
With all its sham, drudgery, and broken dreams,it is still a beautiful world.Be cheerful.Strive to be happy.
Max Ehrmann, Desiderata, Copyright 1952.

DEFICIÊNCIAS (Renata Vilela )


Já andei por tantos caminhos e já vivi tantas coisas, que hoje vejo que o preconceito e discriminação estão em cada um de nós, e cabe a nós quebrá-los para que possamos viver numa sociedade mais justa e humana.Hoje posso afirmar que:"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino."Louco" é quem não procura ser feliz."Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria."Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão."Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia."Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda."Diabético" é quem não consegue ser doce."Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.E "Miserável" somos todos que não conseguimos falar com Deus.


"Existem quatro coisas na vida que não se recuperam:
- a pedra, depois de atirada;
- a palavra depois de proferida;
- a ocasião, depois de perdida e

- o tempo, depois de passado."

Almodóvar

Rir é correr risco de parecer tolo.Chorar é correr o risco de parecer sentimental.Estender a mão é correr o risco de se envolver.Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu.Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas.Amar é correr o risco de não ser correspondido.Viver é correr o risco de morrer.Confiar é correr o risco de se decepcionar.Tentar é correr o risco de fracassar.Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada.Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada.Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade.Somente a pessoa que corre riscos é livre!Seneca
(orador romano)

Amado Filho,
O dia em que este velho já não for o mesmo, tenha paciência e me compreenda.
Quando eu derramar comida sobre minha camisa e esquecer como amarrar meus sapatos, tenha paciência comigo e se lembre das horas que passei te ensinando a fazer as mesmas coisas.
Se quando conversa comigo, repito e repito as mesmas palavras e sabes de sobra como termina, não me interrompas e me escute. Quando era pequeno, para que dormisse, tive que contar-lhe milhares de vezes a mesma estória até que fechasse os olhinhos.
Quando estivermos reunidos e, sem querer, fizer minhas necessidades, não fique com vergonha e compreenda que não tenho a culpo disto, pois já não as posso controlar. Pensa quantas vezes quando menino te ajudei e estive pacientemente a seu lado esperando que terminasse o que estava fazendo.
Não me reproves porque não queira tomar banho; não me chames a atenção por isto. Lembre-se dos momentos que te persegui e os mil pretextos que tive que inventar para tornar mais agradável o seu banho.
Quando me vejas inútil e ignorante na frente de todas as coisas tecnológicas que já não poderei entender, te suplico que me dê todo o tempo que seja necessário para não me machucar com o seu sorriso sarcástico. Lembre-se que fui eu quem te ensinou tantas coisas.Comer, se vestir e como enfrentar a vida tão bem com o faz, são produto de meu esforço e perseverança.
Quando em algum momento, enquanto conversamos, eu chegue a me esquecer do que estávamos falando, me dê todo o tempo que seja necessário até que eu me lembre, e se não posso fazê-lo não fique impaciente; talvez não fosse importante o que falava e a única coisa que queria era estar contigo e que me escutasse nesse momento.
Se alguma vez já não quero comer, não insistas. Sei quando posso e quando não devo.
Também compreenda que, com o tempo, já não tenho dentes para morder, nem gosto para sentir.
Quando minhas pernas falharem por estarem cansadas para andar, dá-me sua mão terna para me apoiar, como eu o fiz quando começou a caminhar com suas fracas perninhas.
Por último, quando algum dia me ouvir dizer que já não quero viver e só quero morrer, não te enfades. Algum dia entenderás que isto não tem a ver com seu carinho ou o quanto te amei.
Trate de compreender que já não vivo, senão que sobrevivo, e isto não é viver.
Sempre quis o melhor para você e preparei os caminhos que deve percorrer.
Então pense que com este passo que me adianto a dar, estarei construindo para você outra rota em outro tempo, porém sempre contigo.
Não se sinta triste, enojado ou impotente por me ver assim. Dá-me seu coração, compreenda-me e me apóie como o fiz quando começaste a viver.
Da mesma maneira que te acompanhei em seu caminho, te peço que me acompanhe para terminar o meu.Dê-me amor e paciência, que te devolverei gratidão e sorrisos com o imenso amor que tenho por você.
Atenciosamente,
Teu Velho

BEM-AVENTURANÇAS (Buda)


“Bem-aventurados aqueles que sabem e cuja sabedoria está isenta de enganos e superstições.
Bem-aventurados aqueles que transmitem o que sabem de forma amável, sincera e verdadeira.
Bem-aventurados aqueles cuja conduta é pacífica, honesta e pura.
Bem-aventurados aqueles que ganham a vida sem prejudicar ou por em perigo a vida de qualquer ser vivo.
Bem-aventurados os pacíficos, que se despem da má vontade, orgulho e jactância, e em seu lugar situam o amor, a piedade e a compaixão.
Bem-aventurados aqueles que dirigem seus melhores esforços no sentido da auto-educação e da auto-disciplina.
Bem-aventurados sem limites aqueles que, por estes meios, se encontram livres das limitações do egoísmo.
E, finalmente, bem-aventurados aqueles que desfrutam prazer na contemplação do que é profundo e realmente verdadeiro neste mundo e na nossa vida nele.”

O HOMEM, AS VIAGENS


O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua
Lua humanizada: tão igual à Terra
o homem chateia-se na Lua
Vamos para Marte, ordena à suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
humaniza Marte com engenho e arte
Marte humanizado, que lugar quadrado
vamos a outra parte?
Claro diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos à Vênus
o homem põe o pé em Vênus,
Vê o visto, é isto?
Idem
Idem
Idem
O homem funde a cuca se não for à Júpiter
proclamar justiça com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório
Outros planetas restam para outras colônias.
o espaço todo vira Terra-a-terra.
o homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para te ver?
Não vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol
põe o pé e:
Mas que chato é o Sol, falso touro espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
do solar a colonizar.
ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si mesmo a si mesmo:
por o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.
(Carlos Drummond de Andrade)

O MELHOR DE VOCÊ (Madre Teresa de Calcutá )


Dê sempre o melhor
E o melhor virá...
Às vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas...
Perdoe-as assim mesmo.
Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta e interesseiro...
Seja gentil assim mesmo.
Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros...
Vença assim mesmo.
Se você é honesto e franco, as pessoas podem enganá-lo...
Seja honesto e franco assim mesmo.
O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra...
Construa assim mesmo.
Se você tem paz e é feliz, as pessoas podem sentir inveja...
Seja feliz assim mesmo.
O bem que você faz hoje pode ser esquecido amanhã...
Faça o bem assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante...
Dê o melhor de você assim mesmo.
E veja você que, no final das contas...
É entre VOCÊ e DEUS...

Nunca foi entre você e eles!

As coisas em ordem...


Os grandes antigos, quando queriam propagar altas virtudes, punham seus Estados em ordem.Antes de porem seus Estados em ordem, punham em ordem suas famílias.Antes de porem em ordem suas famílias, punham em ordem a si próprios.E antes de porem em ordem a si próprios, aperfeiçoavam suas almas, procurando ser sinceros consigo mesmose ampliavam ao máximo seus conhecimentos.A ampliação dos conhecimentos decorre do conhecimento das coisas como elas são(e não como queremos que elas sejam).Com o aperfeiçoamento da alma e o conhecimento das coisas, o homem se torna completo.E quando o homem se torna completo, ele fica em ordem.E quando o homem está em ordem, sua família também está em ordem.E quando todos os Estados ficam em ordem, o mundo inteiro goza de paz e prosperidade.(Mestre Confúcio)

Aprendendo a conversar com Deus



Para conversar com Deus é preciso antes de tudo aprender a estar em silêncio.
Muitos se queixam que não conseguem ouvir a voz de Deus e, portanto, não há nenhum mistério.
Deus nos fala. Mas geralmente estamos tão preocupados em falar, falar e falar, que Ele simplesmente nos ouve. Se falamos o tempo todo, nada mais natural que ouvirmos o som da nossa própria voz. Enquanto nosso eu estiver dominando, só ouviremos a nós mesmos.
A maneira mais simples de orar é ficar em silêncio, colocar a alma de joelhos e esperar pacientemente que a presença de Deus se manifeste. E Ele vem sempre. Ele entra no nosso coração e quebranta nossas vidas. Quem teve essa experiência um dia nunca se esquecerá.
Nosso grande problema é chegar na presença de Deus para ouvir somente o que queremos. Geralmente quando chegamos a Ele para pedir alguma coisa, já temos a resposta do que queremos. Não pedimos que nos diga o que é melhor para nós, mas dizemos a Ele o que queremos e pedimos isso. É sempre nosso eu dominando, como se inversamente, fôssemos nós deuses e que Ele estivesse à disposição simplesmente para atender a nossos desejos. Mas Deus nos ama o suficiente para não nos dar tudo o que queremos, quando nos comportamos como crianças mimadas. Deus nos quer amadurecidos e prontos para a vida.
Quem é Deus e quem somos nós? Quem criou quem e quem conhece o coração de quem? Somos altivos e orgulhosos. Se Deus não nos fala é porque estamos sempre falando no lugar dEle.
Portanto, se quiser conversar com Deus, aprenda a estar em silêncio primeiro. Aprenda a ser humilde, aprenda a ouvir. E aprenda, principalmente, que Sua voz nos fala através de pessoas e de fatos e que nem sempre a solução que Ele encontra para os nossos problemas são as mesmas que impomos. Deus também diz "não" quando é disso que precisamos. Ele conhece nosso coração muito melhor que nós, pois vê dentro e vê nosso amanhã. Ele conhece nossos limites e nossas necessidades.
A bíblia nos dá este conselho: "quando quiser falar com Deus, entra em seu quarto e, em silêncio, ora ao Teu Pai."
Eis a sabedoria Divina, a chave do mistério e que nunca compreendemos. Mas ainda é tempo...
Encontramos no livro de Provérbios a seguinte frase:"as palavras são prata, mas o silêncio vale ouro."
A voz do silêncio é a voz de Deus. E falar com Ele é um privilégio maravilhoso acessível a todos nós.

ANTES QUE ELES CRESÇAM


Há um período em que os pais vão ficando órfãos de seus próprios filhos. É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados. Crescem sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem de repente. Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maneira que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura. Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal? A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça... Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes e cabelos longos, soltos. Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com uniforme de sua geração. Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias, e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros. Principalmente com os erros que esperamos que não se repitam. Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos filhos. Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas. Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvirmos sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, posters, agendas coloridas e discos ensurdecedores. Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao shopping, não lhes demos suficientes hamburgueres e refrigerantes, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado. Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto. No princípio iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhos. Sim havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim. Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados. Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes". Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito para que eles acertem nas escolhas em busca da felicidade. E que a conquistem do modo mais completo possível. O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto. Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.

AJUDA DIVINA


O rio subia e subia, inundando as casas até o teto; a Defesa Civil, a Cruz Vermelha e o Exército tentavam resgatar a quantos podiam. —Suba à lancha, senhor — dizem a uma pessoa que estava no alto de um teto, com a água na cintura. —Não, não faz falta, eu não necessito ajuda humana porque tenho muita fé e por isso meu Deus vai me salvar. —Deixe de bobagem e suba à lancha rápido, que não temos muito tempo, porque há muitos mais a quem resgatar. —NÃO! Eu tenho muita fé e meu Deus vai me resgatar. Os que estão na lancha vêem que o homem está irredutível e como há tantas outras pessoas a quem ajudar, decidem ir embora. A água continua subindo, a corrente ameaça arrancar a nosso religioso homem daquele teto e levá-lo; ele se aferra ao teto com as unhas. Nisso se aproxima um helicóptero e do alto estendem-lhe uma escadinha. — SUBA! VENHA PARA CIMA! — dizem-lhe em voz alta. — EU NÃO NECESSITO AJUDA HUMANA PORQUE TENHO MUITA FÉ QUE MEU DEUS VAI ME SALVAR! O helicóptero vai resgatar outros. A corrente acaba levando o homem rio abaixo, porém do alto de uma ponte lhe jogam uma corda. — EU NÃO NECESSITO AJUDA HUMANA PORQUE... — etc., etc. O homem se afoga. Ao chegar ao céu, indignado, vai pedir contas a Deus: — Muito bonito, eu dizendo como um idiota que o senhor iria me ajudar, e nada! É esse seu amor por seus filhos? É assim que desampara a quem tem fé em Ti?
Deus se irrita e responde:
"ESCUTA-ME BEM, MAL-AGRADECIDO!PORQUE TENS FÉ EM MIM TE MANDEIUM BOTE, UM HELICÓPTERO E UMA CORDA,E TUDO RECHAÇASTE.QUE QUERIAS, QUE EU FOSSE EM PESSOA BUSCAR-TE?".
Enrique Barrios

O PERGAMINHO DE KRATO



Existe um antigo mistério no Universo:
Por que existe a vida?
Para que a Criação?
Os intelectos se afanam, procuram
e não encontram,
inventam teorias,
mas o antigo mistério
somente ao amor se revela
à consciência iluminada pelo amor.
Privilégio dos simples e ingênuos,
como crianças.

Amor é um ingrediente sutil da consciência.
É capaz de mostrar o sentido profundo da existência.
Amor é a única "droga" legal.
Alguns procuram equivocadamente no álcoole em outras "drogas" o que o Amor produz.
Amor é o sentido mais necessário da vida.
Os sábios conhecem o segredo e só procuram Amor.
Os outros o ignoram e por isso procuram o externo.
Como obter Amor:
Nenhuma técnica serve, porque Amor não é material.
Não está submetido às leis do pensamento e da razão.
Elas é que estão submetidas a Ele.
Para obter Amor, deve-se saber antes que Amor não é um sentimento, mas um Ser.
Amor é alguém, um Espírito vivo e Real, que quando entra em nós,
chega a felicidade, chega tudo.
Como fazer com que Ele venha?
Primeiro deve-se acreditar que existe (porque não se vê, só se sente)
(alguns o chamam Deus),
depois deve-se buscá-lo em sua morada íntima: o coração.
Não é preciso chamá-lo porque já está em nós.
Não é preciso pedir-lhe que venha, mas deixá-lo sair, liberá-lo, entregá-lo.
Não se trata de pedir Amor, mas de dar Amor.
Como se obtêm Amor?
Dando Amor.
Amando.

O Rouxinol e a Rosa (Oscar Wilde)


Roque Schneider
- Ela disse que dançaria comigo se eu lhe levasse rosas vermelhas – exclamou o Estudante – mas estamos no inverno e não há uma única rosa no jardim...
Por entre as folhas, do seu ninho, no carvalho, o Rouxinol o ouviu e, vendo-o ficou admirado...
- Não há nenhuma rosa vermelha no jardim! – disse o Estudante, com os olhos cheios de lágrimas. – Ah! Como a nossa felicidade depende de pequeninas coisas! Já li tudo quanto os sábios escreveram. A filosofia não tem segredos para mim e, contudo, a falta de uma rosa vermelha é a desgraça da minha vida.
- Eis, afinal, um verdadeiro apaixonado! – disse o Rouxinol. Tenho cantado o Amor noite após noite, sem conhecê-lo no entanto; noite após noite falei dele às estrelas, e agora o vejo... O cabelo é negro como a flor do jacinto e os lábios vermelhos como a rosa que deseja; mas o amor pôs-lhe na face a palidez do marfim e o sofrimento marcou-lhe a fronte.
- Amanhã à noite o Príncipe dá um baile, murmurou o Estudante, e a minha amada se encontrará entre os convidados. Se levar uma rosa vermelha, dançará comigo até a madrugada. Somente se lhe levar uma rosa vermelha... Ah... Como queria tê-la em meus braços, sentir-lhe a cabeça no meu ombro e a sua mão presa a minha. Não há rosa vermelha em meu jardim... e ficarei só; ela apenas passará por mim... Passará por mim... e meu coração se despedaçará.
- Eis um verdadeiro apaixonado... – pensou o Rouxinol. – Do que eu canto, ele sofre. O que é dor para ele é alegria para mim. Grande maravilha, na verdade, é o Amar! Mais precioso que esmeraldas e mais caro que opalas finas. Pérolas e granada não podem comprá-lo, nem se oferece nos mercados. Mercadores não o vendem, nem o conferem em balanças a peso de ouro.
- Os músicos da galeria – prosseguiu o Estudante – tocarão nos seus instrumentos de corda e, ao som de harpas e violinos, minha amada dançará. Dançará tão leve, tão ágil, que seus pés mal tocarão o assoalho e os cortesãos, com suas roupas de cores vivas, reunir-se-ão em torno dela. Mas comigo não bailará, porque não tenho uma rosa vermelha para dar-lhe... – e atirando-se à relva, ocultou nas mãos o rosto e chorou.
- Por que está chorando? – perguntou um pequeno lagarto ao passar por ele, correndo, de rabinho levantado.
- É mesmo! Por que será? – Indagou uma borboleta que perseguia um raio de sol.
- Por quê? – sussurrou uma linda margarida à sua vizinha.
_-Chora por causa de uma rosa vermelha - informou o Rouxinol.
- Por causa de uma rosa vermelha? – exclamaram – Que coisa ridícula! E o lagarto, que era um tanto irônico, riu à vontade.
Mas o Rouxinol compreendeu a angústia do Estudante e, silencioso, no carvalho, pôs-se a meditar sobre o mistério do Amor.
Subitamente, abriu as asas pardas e voou.
Cortou, como uma sombra, a alameda, e como uma sombra, atravessou o jardim.
Ao centro do relvado, erguia-se uma roseira. Ele a viu. Voou para ela e posou num galho.
- Dá-me uma rosa vermelha – pediu – e eu cantarei para ti a minha mais bela canção!
- Minhas rosas são brancas; tão brancas quanto a espuma do mar, mais brancas que a neve das montanhas. Procura minha irmã, a que enlaça o velho relógio-de-sol. Talvez te ceda o que desejas.
Então o Rouxinol voou para a roseira, que enlaçava o velho relógio-de-sol.
- Dá-me uma rosa vermelha – pediu – e eu te cantarei minha canção mais linda.
A roseira sacudiu-se levemente.
- Minhas rosas são amarelas como as cabelos dourados das donzelas, ainda mais amarelas que o trigo que cobre os campos antes da chegada de quem o vai ceifar. Procura a minha irmã, a que vive sob a janela do Estudante. Talvez ela possa te possa ajudar.
O Rouxinol então, dirigiu o vôo para a roseira que crescia sob a janela do Estudante.
- Dá-me uma rosa vermelha - pediu - e eu te cantarei a mais linda de minhas canções.
A roseira sacudiu-se levemente.
- Minhas rosas são vermelhas, tão vermelhas quanto os pés das pombas, mais vermelhas que os grandes leques de coral que oscilam nos abismos profundos do oceano. Contudo, o inverno regelou-me até as veias, a geada queimou-me os botões e a tempestade quebrou-me os galhos. Não darei rosas este ano.
- Eu só quero uma rosa vermelha, repetiu o Rouxinol, - uma só rosa vermelha. Não haverá meio de obtê-la?
- Há, respondeu a Roseira, mas é meio tão terrível que não ouso revelar-te.
- Dize. Não tenho medo.
- Se queres uma rosa vermelha, explicou a roseira, hás de fazê-la de música, ao luar, tingi-la com o sangue de teu coração. Tens de cantar para mim com o peito junto a um espinho. Cantarás toda a noite para mim e o espinho deve ferir teu coração e teu sangue de vida deve infiltrar-se em minhas veias e tornar-se meu.
- A morte é um preço exagerado para uma rosa vermelha – exclamou o Rouxinol – e a Vida é preciosa... É tão bom voar, através da mata verde e contemplar o sol em seu esplendor dourado e a lua em seu carro de pérola...O aroma do espinheiro é suave, e suaves são as campânulas ocultas no vale, e as urzes tremulantes na colina. Mas o Amor é melhor que a Vida. E que vale o coração de um pássaro comparado ao coração de um homem?
Abriu as asas pardas para o vôo e ergueu-se no ar. Passou pelo jardim como uma sombra e, como uma sombra, atravessou a alameda.
O Estudante estava deitado na relva, no mesmo ponto em que o deixara, com os lindos olhos inundados de lágrimas.
- Rejubila-te – gritou-lhe o Rouxinol - Rejubila-te; terás a tua rosa vermelha. Vou fazê-la de música, ao luar. O sangue de meu coração a tingirá. Em conseqüência só te peço que sejas sempre verdadeiro amante, porque o Amor é mais sábio do que a Filosofia; mais poderoso que o poder.. Tem as asas da cor da chama e da cor da chama tem o corpo. Há doçura de mel em seus braços e seu hálito lembra o incenso.
O Estudante ergueu a cabeça e escutou. Nada pode entender, porém, do que dizia o Rouxinol, pois sabia apenas o que está escrito nos livros.
Mas o Carvalho entendeu e ficou melancólico, porque amava muito o pássaro que construíra ninho em seus ramos.
- Canta-me um derradeiro canto - segredou-lhe - sentir-me-ei tão só depois da tua partida.
Então o Rouxinol cantou para o Carvalho, e sua voz fazia lembrar a água a borbulhar de uma jarra de prata.
Quando o canto finalizou, o Estudante levantou-se, tirando do bolso um caderninho de notas e um lápis.
- Tem classe, não se pode negar – disse consigo – atravessando a alameda. Mas terá sentimento? Não creio. É igual a maioria dos artistas. Só estilo, sinceridade nenhuma. Incapaz de sacrificar-se por outrem. Só pensa e cantar e bem sabemos quanto a Arte é egoísta. No entanto, é forçoso confessar, possui maravilhosas notas na voz. Que pena não terem significação alguma, nem realizarem nada realmente bom!
Foi para o quarto, deitou-se e, pensando na amada, adormeceu.
Quando a lua refulgia no céu, o Rouxinol voou para a Roseira e apoiou o peito contra o espinho. Cantou a noite inteira e o espinho mais e mais foi se enterrando em seu peito, e o sangue de sua vida lentamente se escoou...
Primeiro descreveu o nascimento do amor no coração de um menino e uma menina; e, no mais alto galho da Roseira, uma flor desabrochou, extraordinária, pétala por pétala, acompanhando um canto e outro canto. Era pálida, a princípio, qual a névoa que esconde o rio, pálida qual os pés da manhã e as asas da alvorada. Como sombra de rosa num espelho de prata, como sombra de rosa em água de lagoa era a rosa que apareceu no mais alto galho da Roseira.
Mas a Roseira pediu ao Rouxinol que se unisse mais ao espinho. – Mais ainda, Rouxinol, - exigiu a Roseira, - senão o dia raia antes que eu acabe a rosa.
O Rouxinol então apertou ainda mais o espinho junto ao peito, e cada vez mais profundo lhe saía o canto porque ele cantava o nascer da paixão na alma do homem e da mulher.
E tênue nuance rosa nacarou as pétalas, igual ao rubor que invade a face do noivo quando beija a noiva nos lábios.
Mas o espinho não lhe alcançava ainda o coração e o coração da flor continuava branco – pois somente o coração de um Rouxinol pode avermelhar o coração de rosa.
- Mais ainda, Rouxinol, - clamou a Roseira - raiar o dia antes que eu finalize a rosa.
E o Rouxinol, desesperado, calcou-se mais forte no espinho, e o espinho lhe feriu o coração, e uma punhalada de dor o traspassou.
Amarga, amarga lhe foi a angústia e cada vez mais fremente foi o canto, porque ele cantava o amor que a morte aperfeiçoa, o amor que não morre nem no túmulo.
E a rosa maravilhosa tornou-se purpurina como a rosa do céu oriental. Suas pétalas ficaram rubras e, vermelho como um rubi, seu coração.
Mas a voz do Rouxinol se foi enfraquecendo, as pequeninas asas começaram a estremecer e uma névoa cobriu-lhe o olhar, o canto tornou-se débil e ele sentiu qualquer coisa apertar-lhe a garganta.
Então, arrancou do peito o derradeiro grito musical.
Ouviu-o a lua branca, esqueceu-se da Aurora e permaneceu no céu.
A rosa vermelha o ouviu, e trêmula de emoção, abriu-se à aragem fria da manhã. Transportou-o o Eco, à sua caverna purpurina, nos montes, despertando os pastores de seus sonhos. E ele levou-os através dos caniços dos rios e eles transmitiram sua mensagem ao mar.
- Olha! Olha! Exclamou a Roseira. - A rosa está pronta, agora.
Ao meio dia o Estudante abriu a janela e olhou.
- Que sorte! - disse - Uma rosa vermelha! Nunca vi rosa igual em toda a minha vida. É tão linda que tem certamente um nome complicado em latim. E curvou-se para colhê-la.
Depois, pondo o chapéu, correu à casa do professor.
- Disseste que dançarias comigo se eu te trouxesse uma rosa vermelha, - lembrou o Estudante. – Aqui tens a rosa mais linda e vermelha de todo o mundo. Hás de usá-la, hoje a noite, sobre ao coração, e quando dançarmos juntos ela te dirá o quanto te amo.
A moça franziu a testa.
- Esta rosa não combina com o meu vestido, disse. Ademais, o Capitão da Guarda mandou-me jóias verdadeiras, e jóias, todos sabem, custam muito mais do que flores...
- És muito ingrata! – exclamou o Estudante, zangado. E atirou a rosa a sarjeta, onde a roda de um carro a esmagou.
- Sou ingrata? E o senhor não passa de um grosseirão. E, afinal de contas, quem és? Um simples estudante... não acredito que tenhas fivelas de prata, nos sapatos, como as tem o Capitão da Guarda... – e a moça levantou-se e entrou em casa.
- Que coisa imbecil, o Amor! – Resmungou o estudante, afastando-se. – Nem vale a utilidade da Lógica, porque não prova nada, está sempre prometendo o que não cumpre e fazendo acreditar em mentiras. Nada tem de prático e como neste século o que vale é a prática, volto à Filosofia e vou estudar metafísica.
Retornou ao quarto, tirou da estante um livro empoeirado e pôs-se a ler...

O Valor das Pequenas Coisas (Roque Schneider)


Em cada indelicadeza, assassino um pouco aqueles que me amam.
Em cada desatenção, não sou nem educado, nem cristão.
Em cada olhar de desprezo, alguém termina magoado.
Em cada gesto de impaciência, dou uma bofetada invisível nos que convivem comigo.
Em cada perdão que eu negue, vai um pedaço do meu egoísmo.
Em cada ressentimento, revelo meu amor-próprio ferido.
Em cada palavra áspera que digo, perdi alguns pontos no céu.
Em cada omissão que pratico, rasgo uma folha do evangelho.
Em cada esmola que eu nego, um pobre se afasta mais triste.
Em cada oração que não faço, eu peco.
Em cada juízo maldoso, meu lado mesquinho se aflora.
Em cada fofoca que faço, eu peco contra o silêncio.
Em cada pranto que enxugo, eu torno alguém mais feliz.
Em cada ato de fé, eu canto um hino à vida.
Em cada sorriso que espalho, eu planto alguma esperança.
Em cada espinho, que finco, machuco algum coração.
Em cada espinho que arranco, alguém beijará minha mão.
Em cada rosa que oferto, os anjos dizem: Amém!

ORAÇÃO (Francisco de Assis)


Excelso é Onipotente Senhor, que sejas louvado, glorificado, honrado e agraciado com todas as bênçãos!
Louvado sejas, Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente nosso irmão, o Sol, que nos traz o dia e a luz, formoso, radiante, cheio de esplendor, símbolo da tua divina claridade!
Louvado sejas, Senhor, por nosso irmão, o vento, e pelo ar e as nuvens, pelas calmarias e as tempestades, por tudo o que sustenta as tuas criaturas!
Louvado sejas, Senhor, pela nossa irmã, a água, tão útil e humilde, preciosa e limpa!
Louvado sejas, Senhor, pelo nosso irmão, o fogo, com o qual iluminas a obscuridade, e que é alegre e agradável, poderoso e forte!
Louvado sejas, Senhor, pela nossa mãe, a terra, que nos sustenta e nos guarda, e nos dá frutos e flores de muitas cores, e erva...

A vida é o trem que passaOs sonhos são vagõesO amor é o maquinistaSomos nós, a estação! Adquira seu bilhete, faça sua escolhaO trem vai seguindo continuadamenteEm cada vagão, o desejo de sua mente...há também tristezas, desilusõesCom a passagem na mão, escolha! A viagem, se longa não sabemosA bagagem é cada dia vivenciadaMudar o rumo, podemosSem mesmo saber da parada A estação nunca pode estar vaziaSerá sempre um passeio viverSe sentar na janela, aprecieTudo é passagem, algo pode reter Cada dia que passa é contagem regressivaViaje como se cada instante fosse únicoCada olhar como se fosse o último Respire fundo, o caminho é longoEncontrará adversidades...tristezas...saudades...abismos...retas.curvasinúmeras serão as vezesque não veremos o que há além da curvaMas o percurso seguirá sonhando A vida é uma viagemSomos mutantesSomos passageirosSomos nuvensSomos fumaça Por não saber decifrar o mapa da vidaAlgumas vezes nos perderemos no trajetoMas, para quem sonha, nada é impossívelnunca se perde, sempre se encontra Escute, ouça, é o apito de mais uma partidaPoderá estar partindo para novos lugaressem roteirossem destinosem poente ou nascenteA direção é para a felicidadeConduzirá e será conduzidoO maquinista sempre atentona história, na vida De tudo que viver, uma coisa é certa:Não se canse da viagem, prossigaLute, grite, imploreMas não desista...se cansar, acene, sorriaO maquinista não te deixaráNão hesite, não temaOnde parar, um coraçãocertamente o acalentará A viagem prossegue...e sabendo onde quer irVá seguro, você consegueSabendo sempre que vai valente...sua viagem será eternamente...no vagão de primeira classe.

A TIGELA DE MADEIRA (Cláudio Seto)


Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho dequatro anos de idade. As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passosvacilantes. A família comia reunida à mesa. Mas, as mãos trêmulas e a visãofalha do avô o atrapalhavam na hora de comer. Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão. Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa. O filho e a nora irritaram-se com a bagunça. - Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai - disseo filho. - Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gentecomendo com a boca aberta e comida pelo chão. Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho dacozinha. Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família faziaas refeições à mesa, com satisfação. Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agoraera servida numa tigela de madeira. Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezesele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras quelhe diziam eram admoestações ásperas quando ele deixava um talher ou comida cair ao chão. O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio. Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequenoestava no chão, manuseando pedaços de madeira. Ele perguntou delicadamente à criança: - O que você está fazendo? O menino respondeu docemente: - Oh, estou fazendo uma tigela para você e mamãe comerem,quando eu crescer. O garoto de quatro anos de idade sorriu e voltou ao trabalho. Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que elesficaram mudos. Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisavaser feito. Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmenteconduziu-o à mesa da família. Dali para frente e até o final de seus dias ele comeu todas asrefeições com a família. E por alguma razão, o marido e a esposa não se importavam maisquando um garfo caía, leite era derramado ou a toalha da mesa sujava.

A PRINCÍPIO (MARTHA MEDEIROS)


A princípio, bastaria ter saúde,dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, masnossos desejos são ainda mais complexos.Não basta que a gente esteja semfebre: queremos, além de saúde, ser magérrimos,sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagaro aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscinaolímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor...não basta termos alguém com quem podemos conversar,dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo.Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos sersurpreendidos por declarações e presentes inesperados,queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo,queremos sexo selvagem e diário,queremos ser felizesassim e não de outro jeito.É o que dá ver tanta televisão.Simplesmente esquecemos de tentar serfelizes de uma forma mais realista.Ter um parceiro constante, pode ounão, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser felizsózinha(o), feliz com uns romances ocasionais, feliz comum parceiro(a), feliz sem nenhum. Não existe amorminúsculo, principalmente quando se trata deamor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem,precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perdertempo juntando, juntando, juntando. Apenas osuficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado.E se a gente tem pouco, é com este pouco que vaitentar segurar a onda, buscando coisas que saiam degraça, como um pouco de humor, um pouco de fé e umpouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista éfazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejarpassarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amarsem almejar o eterno.
Olhe para o relógio: hora de acordar.É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro oque nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-sedemais. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade.Se a meta está alta demais, reduza-a.Se você não está de acordo com as regras, demita-se.Invente seu próprio jogo.Faça o que for necessário para ser feliz.Mas não se esqueça que a felicidade éum sentimento simples, você pode encontrá-la edeixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.
Ela transmite paz e não sentimentosfortes, que nos atormenta e provoca inquietude nonosso coração. Isso pode ser alegria, paixão,entusiasmo, mas não felicidade... "O tempo não pára! Só a saudade é quefaz as coisas pararem no tempo..."

A PORTA DO LADO (Por Dráuzio Varella)


Em entrevista dada pelo médico Drauzio Varella, disse ele que a gente tem um nível de exigência absurdo em relação à vida, que queremos que absolutamente tudo dê certo, e que, às vezes, por aborrecimentos mínimos, somos capazes de passar um dia inteiro de cara amarrada. E aí ele deu um exemplo trivial, que acontece todo dia na vida da gente... É quando um vizinho estaciona o carro muito encostado ao seu na garagem (ou pode ser na vaga do estacionamento do shopping). Em vez de simplesmente entrar pela outra porta, sair com o carro e tratar da sua vida, você bufa, pragueja, esperneia e estraga o que resta do seu dia. Eu acho que esta história de dois carros alinhados, impedindo a abertura da porta do motorista, é um bom exemplo do que torna a vida de algumas pessoas melhor, e de outras, pior. Tem gente que tem a vida muito parecida com a de seus amigos, mas não entende por que eles parecem ser tão mais felizes. Será que nada dá errado pra eles? Dá aos montes. Só que, para eles, entrar pela porta do lado, uma vez ou outra, não faz a menor diferença. O que não falta neste mundo é gente que se acha o último biscoito do pacote. Que "audácia" contrariá-los! São aqueles que nunca ouviram falar em saídas de emergência: fincam o pé, compram briga e não deixam barato. Alguém aí falou em complexo de perseguição? Justamente.O mundo versus eles. Eu entro muito pela outra porta, e às vezes saio por ela também. É incômodo, tem um freio de mão no meio do caminho, mas é um problema solúvel. E como esse, a maioria dos nossos problemões podem ser resolvidos assim, rapidinho. Basta um telefonema, um e-mail, um pedido de desculpas, um deixar barato. Eu ando deixando de graça... Pra ser sincero, vinte e quatro horas têm sido pouco prá tudo o que eu tenho que fazer, então não vou perder ainda mais tempo ficando mal-humorado. Se eu procurar, vou encontrar dezenas de situações irritantes e gente idem; pilhas de pessoas que vão atrasar meu dia. Então eu uso a "porta do lado" e vou tratar do que é importante de fato. Eis a chave do mistério, a fórmula da felicidade, o elixir do bom humor, a razão por que parece que tão pouca coisa na vida dos outros dá errado." Quando os desacertos da vida ameaçarem o seu bom humor, não estrague o seu dia... Use a porta do lado e mantenha a sua harmonia. Lembre-se, o humor é contagiante - para o bem e para o mal - portanto, sorria, e contagie todos ao seu redor com a sua alegria.A "Porta do lado" pode ser uma boa entrada ou uma boa saída... Experimente!

A PAZ (V.M. Rabolú)


Temos que ensinar a paz, porque a paz não se consegue com tratados, com convênios nem com documento algum, senão que a paz cada um devemos buscá-la dentro de nós mesmos. Educar as pessoas, instruí-las para que cada uma comece a buscar dentro de si a paz.
Não podemos conseguir a paz enquanto a pessoa esteja cheia de ambições, orgulho, querendo sobressair e se fazer sentir sobre os demais, como o mais poderoso.
Temos, como exemplo, os Estados Unidos, a Rússia, a Inglaterra e muitos outros que querem pela força dominar o mundo, apoderar-se. Por isso há guerras, porque um país, por pequeno que seja, se faz respeitar pelo invasor.
É até ridículo e vergonhoso ouvir aos grandes intelectuais falar de paz, sem terem eles um momento de paz dentro de si mesmos. Este tipo de ignorantes crê que a paz é conseguida com discursos e palavras rebuscadas em enciclopédias, dicionários, estando por dentro podres de orgulho, vinganças, medo; e o pior de tudo é que ignoram seu estado interior e se crêem super-homens.
Como querem os governos conseguir paz em seus países, exigindo maiores impostos, a despesa familiar subindo diariamente, as enfermidades avançando pela desnutrição do povo e, não obstante, a qualquer um que lhes reclame seus direitos, tratam-no de comunista, revoltoso, guerrilheiro. Com este disfarce tapam a boca do povo, para que todos tenham medo e não possam reclamar. E, se o fizerem, para isso estão os grupos secretos, para calá-los.
Assim é como se vê os assassinatos nos campos. Já não há quem cultive a terra com medo de ser assassinado com sua família. Mas, não obstante, enche-se-lhes a boca, falando de paz, democracia, e não sabem sequer o que é democracia e, se o sabem, calam-no.
Em todo país onde há monopólio de imprensa, onde ninguém pode falar pelo rádio ou por escrito, que democracia pode haver?
Estou demonstrando que democracia é uma palavra ou disfarce, para contentar o povo. Porém, se vamos aos fatos, demonstra-se o contrário, porque os fatos falam por si mesmos.
O povo, descontente pelas más administrações, confundido, sem ter a quem se queixar, porque os códigos e as leis favorecem à sem-vergonhice e ao que tenha dinheiro, ou porque pertença à determinado partido político, ou famílias intocáveis. Por isto se formam as guerrilhas, já que são o resultado da grande injustiça social e moral.
As pessoas sem nenhuma educação ou orientação crêem que o caminho correto é empunhar as armas e se lançar para reclamar seus direitos que por lei correspondem a cada cidadão, não tendo eles em conta que existe outro fator delicado e ao qual merece ser posto muita atenção, que é o comunismo internacional, sem saber sequer o que quer dizer comunista.
Toda família, grande ou pequena, rica ou pobre, e toda organização pode também ser chamada comunista, porque a palavra comunista bem de comunidade.
Todo lar e toda organização têm seu chefe. No lar é o pai de família, é ele quem distribui o dinheiro para satisfazer às necessidade nesse lar. Que é isto? Comunismo! Que é uma comunidade em miniatura, porém, o é.
O mal do comunismo internacional é o marxismo-leninismo, em que querem submeter a mente humana a seus caprichos ou ao ateísmo, que é a parte que converte em besta o ser humano. Porque, segundo ele, não existe Deus, nem as hierarquias divinas. Ou seja, que o planeta saiu do nada, segundo eles.
Esta lavagem cerebral fazem-na a cada candidato que estão conquistando para engrossar suas fileiras.
Com isto quero esclarecer os mal-entendidos que existem sobre o comunismo, separando o mal do bem e o bem do mal. Ou seja, que não podemos falar sobre o comunismo como coisa nociva. Podemos falar de nocivo do marxismo-leninismo, que quer acabar e negar a parte espiritual, a que cada ser humano tem direito para pensar e opinar.
Quando nós começamos a tirar os agregados psíquicos, vai chegando a paz gradualmente ao nosso coração, à nossa alma. E essa paz repercute em todas as pessoas que nos rodeiam e que, em realidade, anelam ter a paz. Também devemos compartilhar com eles este conhecimento, para benefício da humanidade.
A paz. Fala-se muita da paz. Porém, a paz fora de nós não é verdadeira. Conseguimo-la dentro de nós, se de verdade trabalhamos, tirando os agregados psíquicos, tais como o ódio, a vingança, cobiça, orgulho, etc, etc. Não existe outra fórmula que possa servir à humanidade.
Há muitas maneiras em que o Movimento Gnóstico pode ajudar a humanidade. Sei que nós, como primeira ordem, o que temos que semear é a paz, porque a paz é fundamental para evitar uma futura guerra mundial, a qual todos tememos.
Estes tratados de paz são muito bonitos. Porém, em realidade, a estamos buscando fora, exteriormente, quando a paz verdadeira e duradoura é a interior.
Se nós começamos a nos transformar psiquicamente, poderemos conseguir a paz. E o Movimento Gnóstico Cristão Universal ensina ao homem verdadeiramente que a paz não se consegue em livros ou em tratados; senão que todos temos que buscá-la dentro de nós mesmos, e ensinamos os métodos para que a pessoa comece a trabalhar sobre sua psique e vá mudando sua forma de viver, sua forma de atuar ante a sociedade e antes as leis de cada país. Ou seja, que este trabalho é muito duro, porque, em realidade, as pessoas têm muita preguiça de se meter e enfrentar o que o homem deve fazer, se é que verdadeiramente amamos a paz e a humanidade.
P – Em que consistem esses métodos para encontrar a paz?
Nós estudamos as diferentes dimensões, ou formas de expressão dos nossos próprios defeitos. Donde vêm, como atuam e como devem ser eliminados, para que uma pessoa possa transformar suas atuações antes os demais, ante os próprios governos, porque nós queremos cooperar com a tranqüilidade dos povos.
Que não nos tenham que levar presos, porque matamos, porque roubamos, ou porque somos traficantes de drogas, porque, tudo isso o sabemos, de onde vem e para onde vai e quais são os resultados. Então, nós ensinamos aos estudantes para que se disciplinem e comecem a eliminar aqueles defeitos que são os que nos fazem violar as leis do nosso país e as leis superiores, ou seja, leis cósmicas.

Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

Os Estatutos do Homem


Artigo IFica decretado que agora vale a verdade.agora vale a vida,e de mãos dadas,marcharemos todos pela vida verdadeira.Artigo IIFica decretado que todos os dias da semana,inclusive as terças-feiras mais cinzentas,têm direito a converter-se em manhãs de domingo.Artigo IIIFica decretado que, a partir deste instante,haverá girassóis em todas as janelas,que os girassóis terão direitoa abrir-se dentro da sombra;e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,abertas para o verde onde cresce a esperança.Artigo IVFica decretado que o homemnão precisará nunca maisduvidar do homem.Que o homem confiará no homemcomo a palmeira confia no vento,como o vento confia no ar,como o ar confia no campo azul do céu.Parágrafo único:O homem, confiará no homemcomo um menino confia em outro menino.Artigo VFica decretado que os homensestão livres do jugo da mentira.Nunca mais será preciso usara couraça do silêncionem a armadura de palavras.O homem se sentará à mesacom seu olhar limpoporque a verdade passará a ser servidaantes da sobremesa.Artigo VIFica estabelecida, durante dez séculos,a prática sonhada pelo profeta Isaías,e o lobo e o cordeiro pastarão juntose a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.Artigo VIIPor decreto irrevogável fica estabelecidoo reinado permanente da justiça e da claridade,e a alegria será uma bandeira generosapara sempre desfraldada na alma do povo.Artigo VIIIFica decretado que a maior dorsempre foi e será semprenão poder dar-se amor a quem se amae saber que é a águaque dá à planta o milagre da flor.Artigo IXFica permitido que o pão de cada diatenha no homem o sinal de seu suor.Mas que sobretudo tenhasempre o quente sabor da ternura.Artigo XFica permitido a qualquer pessoa,qualquer hora da vida,uso do traje branco.Artigo XIFica decretado, por definição,que o homem é um animal que amae que por isso é belo,muito mais belo que a estrela da manhã.Artigo XIIDecreta-se que nada será obrigadonem proibido,tudo será permitido,inclusive brincar com os rinocerontese caminhar pelas tardescom uma imensa begônia na lapela.Parágrafo único:Só uma coisa fica proibida:amar sem amor.Artigo XIIIFica decretado que o dinheironão poderá nunca mais compraro sol das manhãs vindouras.Expulso do grande baú do medo,o dinheiro se transformará em uma espada fraternalpara defender o direito de cantare a festa do dia que chegou.Artigo Final.Fica proibido o uso da palavra liberdade,a qual será suprimida dos dicionáriose do pântano enganoso das bocas.A partir deste instantea liberdade será algo vivo e transparentecomo um fogo ou um rio,e a sua morada será sempreo coração do homem.